Um estudo recente conduzido pela Defensoria Pública do Paraná (DPE-PR) expõe uma realidade alarmante: 90% dos indígenas Avá-Guarani que residem na comunidade de Guaíra, no oeste do Paraná, encontram-se em situação de insegurança alimentar. A pesquisa, que teve acesso exclusivo pelo g1 Paraná e RPC, revela que a maioria dos indígenas realiza apenas uma refeição por dia, evidenciando a gravidade da crise.
O levantamento, realizado por uma equipe multidisciplinar, foi motivado por uma série de ataques violentos sofridos pelos indígenas em conflitos de terra com fazendeiros. Em janeiro deste ano, quatro indígenas foram baleados, incluindo duas crianças, o que intensificou a necessidade de uma investigação profunda sobre a situação da comunidade.
Vulnerabilidade Social e Falta de Políticas Públicas:
A defensora pública Camille Vieira da Costa destaca que, além da segurança, a comunidade enfrenta uma profunda vulnerabilidade social, com ausência quase completa de políticas públicas nas áreas de saúde, educação, moradia, emprego e renda.
- Saúde: Cinco indígenas ainda carregam balas alojadas no corpo, e a maioria relata sofrimento psicológico devido aos ataques. A discriminação e o preconceito afastam a comunidade da atenção básica de saúde.
- Emprego e Renda: A maioria dos indígenas trabalha em empregos temporários e informais, com poucos recebendo entre R$ 2 mil e R$ 5 mil.
- Educação: A única escola na aldeia é insuficiente, com apenas dois professores para atender todos os alunos. Muitos estudam em escolas não-indígenas, onde também enfrentam discriminação.
- Moradia: As casas, em sua maioria, possuem apenas um dormitório para toda a família, sem acesso à água encanada e banheiros.
Ações e Desafios:
A DPE-PR tem atuado para garantir a implementação de políticas públicas na região, buscando soluções para a crise humanitária. A Funai, em nota, reconhece as dificuldades socioeconômicas enfrentadas pelas comunidades, mas afirma que ações de apoio estão sendo realizadas, como a distribuição de cestas básicas.
Apesar dos esforços, a situação exige medidas urgentes e coordenadas entre os órgãos públicos para garantir os direitos e a segurança dos indígenas Avá-Guarani.